Livros x Mídias ?

As novas tecnologias estão presentes em esferas cada vez mais significativas da vida social, formando, simultaneamente, alianças entre a infra-estrutura tecnológica e socio-cultural, e superposições.
Diante disso, a propagação e a leitura do livro impresso foram consideradas por Marshall McLuhan, a partir de seu efeito de empobrecimento de nossa experiência sensorial, auditiva, visual e tátil, ao favorecer uma atitude que privilegiava a esfera intelectual, enclausurando o leitor/fruidor no mundo silencioso da imaginação e distanciando seu corpo da experiência estética. Esse autor celebra a tecnologia midiática eletrônica como reconquista de uma dimensão de acessibilidade que, ao desenfatizar certa racionalidade, reinstaura o exercício pleno de nossas camacidades de ver, ouvir, toca, tangente ao mito e sentir.
Além disso, algumas questões devem ser levantadas para que se possa discutir o grande fluxo do uso das novas tecnologias na divulgação literária: Em primeiro lugar, há uma diferença muito grande entre o mercado puramente comercial e aquele que se destina a cobrir uma necessidade educacional. Em segundo, o livro e a literatura estão assumindo o não-lugar, ou seja, tangente ao mito. O terceiro ponto é que a maioria das universidades não acredita na regionalidade, enquanto o mundo cibernético torna os meios de trocas de conhecimento muito mais acessíveis frente a este entrave; isso leva à quarta questão, que é o problema da localização geográfica das editoras brasileiras e a dificuldade de distribuição dos livros. Por último, mas não menos importante, há o problema da produção e recepção literária no Brasil: usualmente não se ensinam nas faculdades de Letras técnicas de produção do livro (como, por exemplo, os tipos móveis, linotipos, ou até uso de programas como pagemaker); também faltam estudos sobre o mercado do livro, desde o processo de criação até a edição, difusão e distribuição dos livros. Faltam também estudos sobre as instituições que condicionam a prática literária: das universidades à imprensa, além de uma discussão mais efetiva sobre como é ser escritor no Brasil e quais são as perspectivas de uma carreira literária; um maior nível de conhecimento do leitor e dos códigos.

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